quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Musin no site Overmundo por Adriane Perin




MUSIN - Museu do Som Independente
Adriane (PR) • 28/8/2006 02:33 • 205 votos • 19 •

Na primeira vez que tive acesso ao acervo do pesquisador Manoel Neto, ele nem era considerado como tal pela maioria das pessoas do mundo da música em Curitiba. Mas, o material que ele já havia reunido foi precioso para uma série de reportagens que assinei num grande jornal do Paraná sobre história da música paranaense. Livros, muitos (e raros) vinis, gravações inéditas em fitas cassetes, filipetas, cartazes de shows históricos por todos os lados e, claro, muitos cds de bandas independentes paranaenses já forravam o ap do rapaz. Um senhor acervo que pode até não ser o mais completo, mas é o que se tem de mais próximo disso, sobre a música autoral produzida na capital paranaense, principalmente, mas também do estado todo.

É este o material - cerca de 10 mil folhetos e cartazes de eventos culturais, 1500 vinis, cassetes e cds de músicos locais, mil publicações, como fanzines, livros e informativos, e mais de 3 mil fotos -, que ele agora reuniu, de forma ainda improvisada, porém organizada, em um apartamento, bem em um dos centros nervosos de Curitiba, a Boca Maldita, no edifício Tijucas.

É lá, no lugar batizado informalmente de Musin - Museu do Som Independente, que todo o material que ele recolheu nos últimos 20 anos pode ser acessado para pesquisas. A idéia – e ele já está trabalhando para isso – é transformar o conjunto de documentos em um bem cultural tombado do Estado, processo que já está correndo junto à Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.
Só que existem algumas questões técnicas que dependem ainda de Manoel Neto. Mesmo sendo o único acervo da história da música paranaense organizado como tal, o pulo de acervo para patrimônio tombado, e posteriormente um Museu, é complexo e exige verbas que ele não dispõe.

O acervo precisa ser inventariado, o que custa caro. Como o Musin não é uma instituição formalizada, não existem facilidades na hora de angariar apoios. “Sem as verbas enrosca um pouco a continuidade. Mas, estar sendo usado como fonte de pesquisa já conta pontos, porque é utilidade pública”, comenta Neto que, enquanto isso, vai trabalhar com Leis de Incentivo como pessoa física. “Vou me virando com a velha lição punk de dar um jeito de fazer o que precisa ser feito”, completa ele, que quer no futuro disponibilizar parte do material na internet.

Neto já produziu algumas coletâneas e trabalhou com bandas e já passou uma fase de não ser uma unanimidade entre os músicos. Mas não há como negar a importância desse acervo que tem muita documentação da cena rock pop curitibana a partir dos anos 90, mas não só. Ele não se limitou a guardar as filipetas e cartazes dos shows aos quais ia ou produzia. Realmente foi atrás de criar um acervo, coisa séria, embora muitos não se dêem conta por aí. Entrevistou gente que está fazendo música desde os anos 60, quando os artistas locais deram os primeiríssimos passos além das versões de clássicos da música mundial; foi estudar de verdade o que aconteceu por aqui, onde surgiu por exemplo, uma das primeiras bandas punk, a Carne Podre, antes mesmo de a gente saber o que era isso, aqui.

Ele também recolheu dados sobre a Jovem Guarda curitibana e, antes ainda, quando do nascimento do rock curitibano nos anos 50, época em que o pacato curitibano não via com bons olhos aqueles rapazes de jaquetas de couro que insistiam em fazer barulho com suas motos e dançar de um jeito diferente.

Mais recentemente, ele também se envolveu com discussões de política cultural, participando de vários fóruns e discussões nacionais. Atualmente, está convicto de que os rumos estão mudando e a maré está passando para o lado dos chamados independentes, termo aliás que ele não usa muito, pensando bem. Ele fala de música paranaense. Tirou o foco exclusivo das “bandas” para tratar de história da música e articulação.

Quando o assunto volta para seu acervo ele se mostra tranqüilo. “O mais difícil é ter base consistente e isso, pelo que tenho visto, estou bem à frente no Brasil inteiro. A idéia de que já fiz o mais importante, me deixa tranqüilo, agora tenho que organizar”, comenta. Mas Neto sabe, também, que agora é que o bicho vai pegar. “Inventariar o acervo é o mais premente. É engraçado, a gente faz a pesquisa e pensa que ela é a questão, mas não. O uso dela e a institucionalização do acervo é que são as verdadeiras questões. Eu achava que o trabalho estava feito, e é agora que ele começa”.

Serviço:
MUSIN - Museu do Som Independente (Av. Luiz Xavier 68, conjunto 1618 - Galeria Tijucas). Visitas com hora marcada pelo telefone (41) 9604 3992 ou pelo email manoel_umbigo@yahoo.com.br
tags: Curitiba PR musica cultura-pop musica-independente acervo museu musica-paranaense historia-da-musica-paranaense

Um comentário:

Guilhe disse...

Gostaria de visitar o museu.
Tenho umas contribuições como: material fonográfico de Graoara e Opinião Pública